O Prémio de Mérito Académico, iniciativa conjunta da Câmara Municipal da Amadora e do SIMAS Amadora e Oeiras e que visa distinguir o mérito dos alunos finalistas do 9º e 12º anos, foi atribuído, no Agrupamento de Escolas Amadora Oeste, à aluna Beatriz Canaverde, da turma 1 do 12º ano.
A Beatriz, a quem desde já aproveitamos para felicitar, ingressou no presente ano letivo no Curso de Matemática e Computação no Instituto Superior Técnico e esteve connosco para partilhar o seu testemunho pessoal na forma de uma pequena entrevista.
Beatriz, que aspetos destacas como essenciais no teu percurso escolar?
Os mais importantes foram, sem dúvida, muito trabalho e muita persistência. Mas é importante salientar que tudo isso não seria possível sem os amigos que fiz ao longo de todo o meu percurso escolar. Uns que já vêm de infância, outros apenas do secundário, todos me deram ânimo, alegria e força, mesmo quando os obstáculos pareciam infindáveis. Sublinho também os professores incríveis que tive a sorte de ter (nem todos o foram, mas alguns foram e deixaram a sua marca) e que contribuíram de forma esmagadora para o meu sucesso escolar.
Na sociedade de informação global do séc. XXI, e do ponto de vista dos alunos, que fatores consideras serem determinantes na melhoria das aprendizagens e propiciadores do aumento do sucesso escolar?
Após um longo percurso escolar, creio-me em posição de afirmar o seguinte: já são poucos os alunos que aprendem à moda antiga: a ler e a decorar a matéria, a ouvir professores durante uma hora e meia a falar sobre assuntos que, muitas vezes, não nos interessam. É essencial, hoje em dia, saber cativar a atenção dos alunos e, acima de tudo, saber dar aulas à nossa medida. Em primeiro lugar, penso que as aulas teóricas (fora educação física e as aulas laboratoriais) deveriam ter uma duração de apenas 50 minutos/uma hora. São assim também na faculdade e são claramente muito mais produtivas. Menos é mais. Os alunos deveriam ser ensinados a ser cada vez mais eficientes, aprender/fazer mais em menos tempo. Deveriam de igual forma, trabalhar mais o espírito crítico e a capacidade de raciocínio, em vez da capacidade de memorização. A memória, mais cedo ou mais tarde, acaba sempre por falhar. Porém, creio que é também importante criar hábitos de estudo, porque a vontade raramente coopera.
Quais são os principais desafios desta nova etapa?
Inicialmente, é um grande choque. A diferença entre o secundário e a faculdade é abismal! Parecendo que não, na escola, por muito trabalho que tenhamos, temos todos os recursos à nossa disposição: manuais com a matéria bem explicada, exercícios resolvidos a partir dos quais podemos estudar, professores que se preocupam com o facto de estarmos ou não a perceber a matéria e que se esforçam por nos ajudar. Já no ensino superior, a responsabilidade é muito maior, temos que aprender a desenvencilharmo-nos sozinhos, já que não temos a "papinha" toda feita. Nesse sentido, é essencial, em primeiro lugar, aprender a trabalhar em grupo e a estudar com a maior regularidade possível. Outro desafio é o de aprender a gerir o tempo da melhor forma possível. Como, no meu caso em particular, já não vejo muitos dos meus amigos com a frequência que acontecia na escola secundária, tenho de tentar conciliar o estudo e os momentos de lazer, o que não é assim tão fácil.
E no futuro? Que projetos profissionais, expetativas e sonhos acalentas?
Quanto ao futuro? Primeiro de tudo quero tentar acabar o curso (já estou a ver que não vai ser nada fácil!). Gostaria também de fazer um mestrado, mas, por enquanto, ainda é muito cedo para decidir em quê. Para além disto, não tenho qualquer plano. Preocupo-me agora apenas em viver esta experiência incrível de estar na faculdade e mais tarde logo verei o que quero fazer.
Entrevista conduzida pela professora Ana Paula Albino via email