O dia em que testemunhámos Auschwitz-Birkenau. Em memória das vítimas do holocausto.
A neve caiu sem dó no dia em que decidimos visitar Aushwitz-Birkenau.
Agradecemos a sensação gélida porque não podíamos sentir conforto naquele sítio.
O que resta de um dos lugares mais desumanos do mundo é mantido em nome da memória dos que ali perderam nome, vida, alma, às mãos dos mais hediondos algozes.
Ainda que não ficassem os tijolos negros do tempo e da ignomínia, ainda que as tábuas soturnas das barracas tivessem desaparecido, ainda que as marcas da malignidade tivessem sido apagadas do chão e das paredes, não seriam esquecidos. Mas tudo isto existe - ainda bem - para ser testemunhado. Foi para isso que lá fomos, para continuarmos a testemunhar.
Mais do que reproduzir o que todos podem ler nos livros da História, o nosso é um testemunho sensorial e emocional, captado pela nossa lente e pelo nosso espírito. Este sítio ficará para sempre gravado em nós. Tudo nos faz estremecer: o que ouvimos e o que não ouvimos, os amontoados de pertences das vítimas, os seus olhos amargurados nas fotos, os locais de execução manchados de tortura.
Impressiona-nos a banalidade do mal inscrito neste lugar. E perguntamo-nos se isto poderia voltar a acontecer. Já não sabemos, talvez já tenhamos sabido melhor. Por agora, façamos a nossa parte: mantenhamos viva a memória.
Numa altura em que vemos demasiadas manifestações de apologia ao extremismo e ao ódio pelo Outro ser humano, lembremos que o impensável aconteceu.
Hoje, 27 de janeiro, é Dia Internacional das Vítimas do Holocausto.
Celebra-se o 79º aniversário da libertação dos campos de concentração e extermínio Auschwitz-Birkenau. Mais de um milhão de pessoas, a maioria judeus, mas também homossexuais, pessoas deficientes, ciganos e opositores políticos ao regime nazi, morreram só neste campo entre 1940 e 1945.
"6 milhões de judeus foram aniquilados e eu não quero que deixem apenas um espaço vazio. Gostaria de preencher este espaço com memórias. Começou com o facto de não poderem ir a parques, de serem proibidos de trabalhar, de casar com pessoas de outra religião. Começou com passos muito pequenos e esses passos resultaram no Holocausto". Katarzyna Warman, filha de sobrevivente do Holocausto.
(visitámos Auschwitz-Birkenau no dia 6 de dezembro de 2023, por ocasião da atividade de jobshadowing que realizámos à Polónia nessa semana; um dos objetivos desta atividade foi debater a Democracia com os alunos da escola que visitámos, com quem os nossos alunos participam num projeto eTwinning)
Marcações: Erasmus+, 2023-2024, Dia Internacional das Vítimas do Holocausto