Dia Internacional da Língua Materna 2022
No ano em que se comemora o centenário de José Saramago na escola, no país e no mundo, pareceu-me fundamental aproximar também os/as alunos/as de Português Língua Não Materna do nível secundário do universo literário de um dos maiores escritores de Língua Portuguesa de sempre.
A escolha recaiu no livro A Maior Flor do Mundo, pois seria, seguramente, a narrativa mais transversal a todos os níveis existentes na turma (A1, A2 e B1), constituindo igualmente um desafio ao nível da expressividade do discurso.
Todos/as aderiram muito bem à leitura, descodificaram recursos expressivos, compreenderam os sentidos do texto. Quando chegámos às últimas linhas, surgiu a ideia: “vamos recontar esta história, conforme Saramago nos sugere?”
E foi assim que lhe fizeram a vontade. Contaram-na como a perceberam e com as competências do Português que detêm. Apenas foram feitas revisões e correções a nível ortográfico e sintático, sendo mantidas algumas formas (mais a nível semântico) que, mesmo não estando integralmente corretas, não quebram a compreensão e respeitam a forma de expressão de cada um.
Foram ainda mais além. Mesmo sabendo que Saramago está traduzido em tantas e diversas línguas, pensaram que a mais singela homenagem que poderiam fazer à sua vida e obra seria traduzir os recontos desta história nas línguas maternas da sala, algumas tão distantes e improváveis quanto uma Flor gigante no topo de uma colina…!
Chega agora o momento de revelar o resultado desta “viagem”, e nenhuma data seria mais apropriada do que o Dia Internacional da Língua Materna, um dia de celebração da diversidade e riqueza linguística do planeta.
Como diria Saramago, “uma língua que não se defende, morre”. Eis, pois, a defesa da língua que já é de todos e a de cada um/a. Porque enquanto houver uma flor para regar no cimo da colina, havemos sempre de nos entender.
A professora de PLNM do ensino secundário
Ana Lúcia Água
21 de fevereiro de 2022